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02/03/2008

Carta do Chefe Seatle

Carta do Cacique americano ao
Presidente dos Estados Unidos da América


Em 1854, o Governo dos Estados Unidos tentava convencer o chefe indígena
Seatle a vender suas terras. Como resposta, o chefe enviou uma carta ao
presidente que se tornou famosa em todo o mundo. Seu conteúdo merece
uma reflexão atenta pois é uma lição que deve ser cultivada por todos, por
esta e pelas futuras gerações.

Decorridos quase dois séculos da carta do cacique indígena Seatle ao
Presidente do Estados Unidos, suas lições permanecem atuais e proféticas,
para todos aqueles que sabem enxergar no fundo do conteúdo de sua
mensagem.

CARTA DO CHEFE INDÍGENA SEATLE

"O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o

mesmo sopro: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo

sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um

homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro (...).

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se

decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem deve tratar os animais

desta terra como seus irmãos (...)

O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria

de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve

acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de

nossos avós. Para que respeitem a Terra, digam a seus filhos que ela foi

enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que

ensinamos às nossas, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à

Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo estão

cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra.

Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas, como o sangue que une uma

família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu

o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao

tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para

amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos

irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos ( e o homem

branco poderá vir a descobrir um dia): nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês

podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa terra, mas não é

possível. Ela é o Deus do homem e sua compaixão é igual para o homem

branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar

o seu Criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas

as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos

próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados

pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial

lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é

um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam

exterminados, os cavalos bravios todos domados, os recantos secretos da

floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros

obstruída por fios que falam. Onde está a árvore? Desapareceu. Onde está a

água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia

nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho

da água como é possível comprá-los?


Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de

um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa,

cada clareira, cada inseto a zumbir é sagrado na memória e experiência do

meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as

lembranças do homem vermelho (...).

Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas água, mas a idéia nos

parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da

água como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de

um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa,

cada clareira, cada inseto a zumbir é sagrado na memória e experiência do

meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as

lembranças do homem vermelho (...).

Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas água, mas o sangue de

nossos antepassados. Se vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que

ela é sagrada, devem ensinar às crianças que ela é sagrada e que cada

reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da

vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas

canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês

devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus

também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a

qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma

porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é

um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A

terra não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, prossegue

seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se

incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa

(...). Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei. Nossos costumes são diferentes dos seus.

A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o

homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se

possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um

inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O

ruído parece apenas insultar os ouvidos. E o que resta da vida de um homem,

se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao

redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo.

O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o

próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros."

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma

porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é

um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A

Terra não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, prossegue

seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se

incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa

(...). Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto."