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28/04/2013

Segurança alimentar


por *João Sereno Lammel 

Em seu aguardado e mais recente relatório, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê para este ano um crescimento global de 3,5%, índice ligeiramente acima dos 3,2% alcançados no ano passado.

Com economias mais robustas e equilibradas, os países em desenvolvimento serão os responsáveis, em grande parte, por garantir esse resultado, com estimativa de crescimento em torno de 5,3%. O temor maior continuará sendo a chamada zona do Euro, com dificuldade para virar o jogo depois de uma crise sem precedentes.

Diante do cenário sombrio, explica-se o fato de a palavra 'crise' ocupar o centro das discussões sobre os desafios globais entre líderes políticos, empresários e acadêmicos de mundo. Explica, mas não se justifica. A lamentar é o fato de, ao analisarem temas candentes, sem dúvida, como a crise econômica, estar ausente das discussões uma de suas principais consequências. Ou seja, é preciso recolocar na pauta de prioridades um capítulo crucial para o ser humano e as aspirações de um futuro melhor: a desnutrição e fome no mundo.

De acordo com a FAO, órgão das Nações Unidas para a agricultura e alimentação, o drama atinge cerca de 870 milhões de pessoas, ou seja, 12,5% da população mundial. 'A desnutrição infantil leva à morte, por ano, mais de 2,5 milhões de crianças', alertou, recentemente, Hélder Muteia, representante da entidade no Brasil, durante o Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos, realizado em São Paulo pela FAO e entidades do agronegócio.

O assunto, embora possa parecer distante para a maioria de nós, na verdade está bastante próximo da nossa realidade. A pobreza extrema no Brasil regrediu nos últimos anos, mas ainda atinge 8% da população - cerca de 15 milhões de brasileiros. Em setembro de 2000, na véspera da virada do milênio, os 191 países-membros da ONU declararam os Objetivos do Milênio, com oito metas para o desenvolvimento. Reduzir a fome à metade foi eleita como a primeira das metas. Observa-se, contudo, a tímida repercussão internacional deste tema, ausente nas discussões em Davos, e a postura pusilânime de todos nós frente a este flagelo humano.

É equivocada a ideia de que existe fome devido ao desperdício de alimentos. Estudo recente da Institution of Mechanical Engineers, da Inglaterra, admitiu a existência do descarte de alimentos mesmo em bom estado, mas também criticou outros dois fatores: os prazos de validade determinados por órgãos regulatórios, que avalia como exagerados, e a falta de infraestrutura de transportes e armazenamento.

Somem-se a isso as intempéries climáticas que frequentemente frustram as colheitas: nesta semana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, USDA, reduziu a previsão da safra mundial de soja 2011/2012, de 257 para 251 milhões de toneladas - quebra de 5,5 milhões de toneladas -, devido à estiagem nos principais países produtores, Estados Unidos, Brasil e Argentina.

A lei da demanda versus preços também é implacável no caso de produtos in natura: um exemplo tem sido a queda nas vendas quando a ANVISA, do Ministério da Saúde, divulga de forma alarmista os índices de resíduos em frutas e hortaliças. 'Além de recebermos até 50% menos pelo que conseguimos vender, grande parte da produção sobra e acaba indo para o lixo', afirma Mariliza Soranz, horticultora e secretária de Agricultura do município de Jarinu (SP).

Por fim, outro fator a ser considerado é a baixa produtividade das culturas em países pobres e em desenvolvimento, em consequência da ainda reduzida adoção de tecnologias como sementes de qualidade, mecanização, fertilizantes, defensivos agrícolas e armazenagem adequada.

Nesse ponto, vale destacar o exemplo brasileiro. O País dispõe, hoje, segundo estudo da consultoria Andrade & Canellas, de aproximadamente 200 milhões de hectares livres para o cultivo - a maior área entre os grandes países agrícolas -, sem precisar avançar um palmo sobre biomas como o Cerrado e a Amazônia.

As tecnologias incorporadas nas três últimas décadas resultaram em expressivos ganhos de produtividade, ocupando menor área (poupança de 74 milhões de hectares). Ou seja, o Brasil alcançou lugar estratégico na segurança alimentar mundial.

Portanto, se a maioria dos líderes mundiais tem passado ao largo de tema tão importante como a fome, cabe às lideranças brasileiras - governo, especialistas, empresas e a sociedade civil organizada -, assumirem a relevância e o protagonismo do País e recolocarem, na pauta de debates, esta agenda decisiva para o futuro da humanidade.

*João Sereno Lammel, 58 anos, engenheiro agrônomo, é presidente da Associação Nacional de Defesa Vegetal, Andef.

27/04/2013

Brasil pode aumentar em 40% a produção até 2050 preservando o meio ambiente


A agricultura brasileira está preparada para enfrentar o desafio de garantir o País como um dos principais fornecedores de alimentos para a população mundial, tendo condições de aumentar em 40% sua produção agrícola, até 2050, superando os números atuais, já promissores, de colher 184 milhões de toneladas de grãos em 2013, sem comprometer a preservação ambiental no País, que tem 61% de seu território preservado com vegetação nativa.
Foi o que afirmou a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, em debate realizado nesta semana no Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina, realizado em Lima, no Peru.
Desafio a ser enfrentado - A presidente da CNA se referia a um estudo feito pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), que prevê para o ano de 2050 uma população de 9 bilhões de pessoas no mundo, dois bilhões a mais em relação aos números atuais, ávida por alimentos.
E, em razão disso, a produção agrícola do mundo precisará aumentar em 60%, em comparação os números de hoje. A meta fixada pela entidade para o Brasil é o incremento de sua produção em mais 40%, o maior percentual em comparação com os demais países.
O Brasil, segundo ela, terá condições de atingir o objetivo colocado pela FAO porque a “agricultura do País conseguiu ao longo dos últimos 40 anos melhorar a produtividade, reduzir custos e financeiros e preservar o meio ambiente”.
É só lembrar, segundo ela, a situação existente em 1976, quando de fato teve início a nova agricultura brasileira. Naquela época, o Brasil produziu 46,9 milhões de toneladas de grãos e fibras, em uma plantada de 37,3 milhões de hectares. Em 2013, o País vai colher 184 milhões de grãos em uma área de apenas 53 milhões de hectares. Isso significa dizer que a produção cresceu 292% e a área plantada apenas 42%, um salto de 176% de produtividade.
Katia Abreu lembrou que o Brasil tem as condições indispensáveis em termos de tecnologia – desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Emprapa) – responsável pela criação de uma agricultura tropical que retirou os produtores da dependência histórica da Europa. “É só não esquecer que, antes das técnicas desenvolvidas pela Embrapa, o Brasil era importador de carne da Austrália, de leite da Europa e até de arroz, que vinha das Filipinas”, disse ela.
O Brasil, segundo Kátia Abreu terá um papel fundamental como fornecedor de alimentos do mundo nas próximas décadas, porque “dispõe de tecnologia, terra agriculturas e uma forte presença capitalista no setor agrícola”. Esse aumento da produção de grãos,  mostrou Kátia Abreu, ocorrerá sem a abertura de novas fronteiras agrícolas, sem desmatamento e com o uso intensivo de novas tecnologias.
A presidente da CNA mostrou as vantagens comparativas do Brasil, no caso da produção agrícola, em relação a países como os Estados Unidos, China e Índia. “Enquanto a China será decisiva na produção industrial e a Índia será líder na área de serviços, o Brasil  será uma potência agrícola, a grande fazenda do mundo”,  destacou.
Escassez de água - Uma das vantagens comparativas do Brasil em relação aos norte-americanos, chineses e indianos, na área agrícola, é que “nós possuímos, por exemplo, 12% de toda a água doce existente no mundo, além de novas áreas para irrigação”.
O fato é que o Brasil possui ainda 30 milhões de hectares que podem ser irrigados, cujos investimentos financeiros poderão ser concretizados, aumentando a produção agrícola sem necessidade de desmatar as florestas ou poluir rios, mostrou Katia Abreu aos debatedores do Fórum Econômico Mundial para a América Latina.
Seguro agrícola - Em sua apresentação no Fórum, Kátia Abreu referiu-se, ainda, a duas questões que ela considera fundamentais: as dificuldades do Estado brasileiro em cumprir seu papel como indutor do crescimento econômico, lembrando a precariedade das estradas e ferrovias do País e a ausência de um sistema eficiente de hidrovias para o escoamento da produção agrícola. Tal situação, enfatizou, eleva os custos de produção e encarece o preço final ao consumidor.
Outro tema colocado em discussão por ela foi o seguro agrícola. Nos países chamados de primeira linha, caso dos Estados Unidos, 86% da produção agrícola é totalmente coberto por seguro. No Brasil, “infelizmente, podem acreditar, apenas 5% da produção possui seguro agrícola. Nós estamos trabalhando para mudar essa situação, de forma gradual”.
Também participaram da mesa redonda sobre  a América Latina e o contexto econômico mundial,  no Fórum Econômico Global para a América Latina, Gary Coleman, Diretor Executivo das Indústrias Globais (Deloitte, EUA); Carlos Garcia Moreno Elizondo, da América Movil (México); Mari Elka Pangestu, ministra de Turismo e Economia Criativa (Indonésia); Jordi Botifoll, presidente da Cisco Systems para a América Latina; e Jon Azua, presidente CEO da Enovatinglab(Espanha)

16/04/2013

IAC não recomenda uso de fertilizantes minerais fluidos


IAC não recomenda uso de fertilizantes minerais fluidos (comercializados como “calcário líquido”) para corrigir acidez do solo
O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, vem a público comunicar que, com base em resultados 
de pesquisas científicas, não aprova ouso de fertilizantes minerais fluidos, que vêm sendo 
comercializados como “calcário líquido”, visando à correção da acidez do solo. Portanto, o IAC não
autorizaa associação de seu nome com qualquer recomendação de correção de acidez do solo por 
meio de fertilizantes minerais fluidos (“calcário líquido”). O IAC somente recomenda o uso de 
materiais corretivos de acidez que atendam às exigências legais do Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento, contidas na Instrução Normativa Nº 35/2006.
O Instituto trabalha há muitos anos no desenvolvimento de recomendações de adubação e calagem 
para o Estado de São Paulo. Essas recomendações são permanentemente atualizadas em função 
da evolução das práticas de manejo do solo e das culturas estudadas. Além de trabalhos em laboratório,
para elaborar estas recomendações são realizados muitos  ensaios em campo, sob diferentes condições 
edafoclimáticas e sistemas de manejo.

Orientações oficiais do IAC para correção de problemas associados à acidez do solo podem ser 
consultadas nas seguintes publicações: 

Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo
Boletim técnico n.° 100. Editores: Bernardo van Raij, Heitor Cantarella, 
José Antonio Quaggio e Ângela Maria Cangiani Furlani. Campinas, IAC, 1997.

            Acidez e calagem em solos tropicais. Autor: José Antonio Quaggio. Campinas, IAC, 2000.

            Gesso na agricultura. Autor: Bernardo van Raij. Campinas, IAC, 2008.

Dúvidas em relação ao uso de fertilizantes minerais fluidos devem ser endereçadas ao Centro de 
Solos e Recursos Ambientais do IAC, pelo e-mail solos@iac.sp.gov.br, ou para Instituto Agronômico, 
Centro de Solos e Recursos Ambientais, Caixa Postal 28, CEP: 13012-970 Campinas, SP.

15/04/2013

Conservação do Solo


BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS



Andef apoia encontro de hortifruticultores do cinturão verde de São Paulo.

Nos dias 12 e 13 de abril, a cidade de Jarinu, no interior de São Paulo, sediará o 9º Encontro de Hortifrutiflores do município e região, que faz parte do Cinturão Verde do estado. O evento é uma realização da Associação dos Produtores locais e conta com apoio da Andef - Associação Nacional de Defesa Vegetal pelo segundo ano consecutivo.
'Atividades como essa são imprescindíveis para o avanço da produção de alimentos no Brasil, pois levam conhecimento e tecnologia de ponta aos produtores de frutas e hortaliças', afirma Eduardo Daher, Diretor Executivo da Andef. 'Somente com uma produção moderna e baseada na Ciência é que conseguiremos atender a demanda mundial de alimentos que o País vem recebendo de organismos internacionais', enfatiza.
No primeiro dia do Encontro, os participantes conhecerão os resultados do 'Programa de monitoramento da saúde de agricultores com exposição a agroquímicos', coordenado pelo médico-toxicologista e Professor da Unicamp, Dr. Ângelo Trapé. 
Em seguida, serão ministradas palestras sobre diversos temas, como: Novo Código Florestal, Manejo e monitoramento de pragas e doenças, variedade de cultivares, entre outros. No sábado, dia 13, haverá uma visita técnica ao Sítio Norival Gallo, com foco em 'Manejo de poda e produção'.

Mariliza Scarelli Soranz, Secretária da Agricultura e Meio Ambiente de Jarinu, ressalta que o objetivo do evento é estimular o potencial e a responsabilidade do empresário rural. 'Desta forma, ele produzirá com mais qualidade, conhecerá novas pesquisas, novos produtos e melhores tecnologias que levam às boas práticas agrícolas, como manejo de solo e de produção, pós-colheita e comercialização', explica.
Mariliza, que também compõe a diretoria do Ibraf - Instituto Brasileiro de Frutas, comemora o sucesso que o evento vem conquistando ano a ano. Na última edição, entre os participantes estavam produtores de frutas de caroço, trabalhadores rurais, universitários, pesquisadores e empresários do segmento agrícola das regiões de Jarinu, Vinhedo, Botucatu, sul de Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, além de representantes de outras associações e cooperativas. 'Isso demonstra a importância do Encontro e a necessidade que o produtor de hortifruti tem de receber conhecimento e atualização sobre as técnicas mais modernas para sua lavoura', destaca.