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28/11/2011

Mosca da fruta “nada no ar”



Um estudo sobre o voo da mosca da fruta, publicado na “Physical Review Letters” , revelou que a forma de voar destes insectos não tem “praticamente nada a ver” com "modo padrão" deste movimento, em que as asas são flexionadas na vertical, de baixo para cima e vice-versa.

Os investigadores constataram que as suas asas movem-se na horizontal, num movimento que se assemelha muito mais ao nado de animais aquáticos, sendo esta a primeira demonstração de voadores que usam o arrasto para gerar propulsão.
Segundo os investigadores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, esta descoberta torna-se “mais surpreendente”na medida em que voar e nadar envolvem processos físicos aparentemente muito diferentes. Os animais voadores ganham impulso ao usar as forças de sustentação criadas quando movimentam o ar, enquanto os animais aquáticos usam a força de arrasto, "apoiando-se" na viscosidade da água. Já a mosca-da-fruta também usa o arrasto, mas obtido pela viscosidade do ar, batendo as asas, em média, 250 vezes por segundo.

Através das filmagens realizadas, os investigadores verificaram que as asas da mosca ficam praticamente horizontais, seja qual for a velocidade de voo, mas o movimento de inclinação das asas é mais acentuado quando a mosca está a pairar ou a voar em baixa velocidade.
Segundo os cientistas, quando este insecto quer voar mais rapidamente, muda a inclinação das asas para muito próximo da linha horizontal quando levam as asas para a frente - de forma a cortar o ar com mais eficiência - e trazem-nas de volta para a linha vertical quando movimentam as asas para trás - efectivamente movimentando o ar como os animais aquáticos movimentam a água para se locomoverem.

Esta descoberta, para além de ser uma nova inspiração para projectos de veículos voadores, pode também ter impacto sobre a teoria da evolução. Alguns biólogos já tinham levantado a possibilidade de que alguns animais aquáticos poderiam ter evoluído para animais voadores directamente, sem precisar passar pela etapa terrestre.

Contudo, até então, ninguém tinha conseguido apresentar provas da conversão de um nado num voo, o que se julgava serem coisas absolutamente distintas. Esta nova investigação, segundo os seus autores, dá algum crédito a esta hipótese, mostrando que, pelo menos no caso da mosca-da-fruta, "nadar no ar" é um facto.



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